Casal realiza a extração da polpa do cupuaçu e da castanha-do-Brasil e dá uma destinação diferentes aos resíduos que sobram. Morar isolados foi uma escolha e eles não se arrependem. Casal vende castanha e produtos de cozinha feitos com casco de cupuaçuEmily Costa/g1 ROFrancisco Luís — mais conhecido como "paçoca" — e Ermosina Costa moram no núcleo de Pupunhas, a única comunidade dentro da Reserva Extrativista (Resex) Lago do Cuniã, em Porto Velho, que tem acesso terrestre (mas somente no período da seca). Pra sobreviver eles dependem de duas coisas: a natureza e a criatividade. O casal produz de cocada à artesanato. A matérias primas eles encontram no quintal de casa: cupuaçu e castanha-do-Brasil. Além disso, aproveitam restos de madeira e galhos para personalizar paneiros [cesto] de roupa, vassouras e outros objetos.Comunidade de Pupunhas é a única que possui acesso terrestre na ReservaEmmily Costa/g1 ROEssa reportagem faz parte da série "Vivendo da floresta", do g1, que conta as histórias de moradores que vivem dentro da Reserva Extrativista Lago do Cuniã em Porto Velho. Lá, a existência e o sustento dependem da preservação da Amazônia. Confira a história dos extrativistas:Veja outros episódios:Vivendo da floresta: conheça famílias que escolheram viver isoladas dentro de reserva preservando a AmazôniaVivendo da floresta: Família de artesãos que vive 'isolada' transforma árvores em estátuas de madeira na Amazônia'Tudo no quintal de casa'Aos 65 anos, Francisco Luís, que trabalhou a vida inteira com a pesca dentro da Resex, agora é aposentado e se dedica na extração de frutos nativos e na produção de artesanato. Sua esposa, Ermosina Costa, nascida e criada em Porto Velho, optou por se mudar para a reserva há mais de 28 anos para construir uma vida ao lado do marido.Produtos feitos com casco de cupuaçuEmily Costa/g1 ROO casal realiza a extração da polpa do cupuaçu e da castanha-do-Brasil e dá uma destinação diferentes aos resíduos que sobram:Os cascos do cupuaçu são transformados em porta-lápis, copos e cuias feitas por Francisco;A castanha-do-Brasil torna-se a matéria-prima para as deliciosas cocadas e paçocas preparadas por Dona Ermosina. Cocada de castanha-do-Brasil feitas por ErmosinaEmily Costa/g1 ROAlém disso, galhos e pedaços de madeira recebem uma nova vida nas mãos do casal, e viram paneiros (cestos), vassouras e tábuas para cozinha."Aqui a gente faz de tudo um pouco e é mais fácil porque está tudo na nossa área. É só ir ali no quintal, explica o morador. O comércio da famíliaA Pupunhas é a única comunidade com acesso terrestre no Lago Cuniã, mas a estrada tem um período muito específico para aparecer: durante a seca. O caminho fica localizada um quilômetro depois do distrito de São Carlos.Estrada que dá acesso a comunidade de Pupunhas, que fica intrafegável no periodo de chuva Emily Costa/g1 RONo período de chuva, essa estrada fica intrafegável. Pra ter acesso à comunidade só restam dois caminhos: por barco ou por uma trilha conhecida exclusivamente pelos locais.Ao chegar na comunidade de Pupunhas, a primeira residência vista é de seu Francisco. Em sua casa, ele possui um "comércio" construído com palha, onde comercializa os produtos artesanais, a castanha in natura e iguarias preparadas por sua esposa. Comércio de Franscisco e Ermosina na comunidade de Pupunhas dentro da ResexEmily Costa/g1 ROFrancisco destaca que as vendas desse estabelecimento contribuem para a renda familiar e muitos moradores visitam diariamente e compram diversos utensílios. "De pouco em pouco a galinha enche o papo", comenta. Como é incomum o encontro com visitantes dentro da reserva, o comércio da família exibe um mural com várias fotos antigas com retratos tanto de moradores locais quanto de pessoas especiais que passaram pela comunidade. Mural de retratos de moradores e visitantes no comércioEmily Costa/g1 ROVEJA TAMBÉM:Biguás se reúnem em grupos números no Lago do Cuniã em Porto Velho