No Norte brasileiro 71,6% das famílias sofrem algum tipo de insegurança alimentar. No país, aproximadamente 33,1 milhões de brasileiros vivem em situação de fome, 14 milhões a mais que em 2020. O tradicional prato tropeiro formado por arroz carreteiro, paçoca, feijão gordo e bife de boiÉrico Andrade/G1A fome que avança pelo Brasil atinge percentualmente mais os moradores da Região Norte: 71,6% sofrem com a insegurança alimentar e a fome extrema faz parte do cotidiano de 25,7% das famílias — índice maior que a média nacional de aproximadamente 15%.Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (8) no 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN).O estudo aponta que o país soma atualmente cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, quase o dobro das pessoas em situação de fome em 2020. Em números absolutos, são 14 milhões de pessoas a mais passando fome no país.Sem gás, mãe de cinco filhos improvisa 'fogão' com latinhas em Porto VelhoMais de 400 pessoas estão em situação de rua em Porto VelhoA metodologia da pesquisa considerou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), a mesma utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para mapear a fome no país. Ela classifica a insegurança alimentar em três níveis: leve, moderada e grave (entenda mais abaixo). Insegurança alimentar leve: há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentação consumida.Insegurança alimentar moderada: há redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação.Insegurança alimentar grave: há redução quantitativa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no lar.As formas mais severas de insegurança alimentar, ou seja a moderada ou grave, atingem mais a população da Região Norte: 45,2%, e na sequência do Nordeste: 38,4%.'Quem tem fome tem sede'Outro tópico citado no estudo é sobre a falta de acesso regular e permanente à água, também chamado de insegurança hídrica, que é uma realidade para 12% da população brasileira geral. "A insegurança alimentar se manifesta em 48,3% dos lares com restrição de acesso à água na região Norte, em 43% no Sudeste, em 41,8% do Centro Oeste e em 41,2% no Nordeste", consta na pesquisa.LEIA MAIS: 'Fome dói tudo, você chega a sonhar que está comendo', diz homem em situação de ruaFome no campoPessoa revira lixo em busca de alimento. ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDOO inquérito nacional também pesquisou a situação dos habitantes nas áreas rurais. No país, a fome atingiu 21,8% dos lares de agricultores familiares e pequenos produtores rurais. E o cenário foi ainda mais preocupante nas regiões Norte com 54,6% e Nordeste 43,6%.Brasil tem recordes no agronegócio e aumento da fome ao mesmo tempo, entendaVÍDEOS: veja mais notícias de Rondônia